sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

[RESENHA] "O CLUBE DOS JARDINEIROS DE FUMAÇA", DE CAROL BENSIMON

Nome: O Clube dos Jardineiros de Fumaça
Autora: Carol Bensimon
Editora: Companhia das Letras
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela editora
Em um cenário formado por coníferas milenares, estradas sinuosas e falésias, a região californiana do Triângulo da Esmeralda concentra a maior produção de maconha dos Estados Unidos. É lá que o jovem professor brasileiro Arthur busca recomeçar a vida, depois dos acontecimentos que o levaram a deixar Porto Alegre. Aos poucos, ele se insere na dinâmica local e passa a fazer parte de uma história que começa com a contracultura dos anos 1960 e se estende até o presente.

À vida de Arthur e daqueles com quem estabelece vínculos — o atormentado Dusk, a solitária Sylvia, a indecisa Tamara — mistura-se a de personagens reais que participaram do embate que levou à descriminalização do uso da maconha, fazendo deste um poderoso romance panorâmico. Cruzando história e ficção, com uma linguagem original e ousada, a meio caminho entre Brasil e Estados Unidos, Carol Bensimon compõe em O clube dos jardineiros de fumaça um brilhante retrato da geração hippie e de seu legado.

Arthur Lopes, professor de história em um colégio de Porto Alegre, viu sua carreira ser arruinada após ele ser preso sob a acusação de plantar maconha. O cultivo da planta era para ajudar a aliviar as dores que o tratamento contra o câncer provocava em sua mãe, mas não importa suas boas intenções, a lei não o perdoará por isso.

Tentando recomeçar sua vida Arthur se muda para o Condado de Mendocino, na Califórnia, na intenção de trabalhar em meio às plantações de maconha. Misturando-se aos poucos em meio ao pequeno número de habitantes locais, ele conhece pessoas com histórias de vida interessantes e procura conseguir a confiança necessária para ter acesso ao principal negócio de Mendocino, o cultivo de maconha. Em meio a sua busca Arthur encontra um novo amor e constrói para si uma nova vida, muito mais satisfatória do que aquela que ele deixou no Brasil.
“[...] Quando as pessoas são crianças, elas querem ser astronautas, detetives, cientistas. E depois elas olham para si mesmas e estão trabalhando em setores de contabilidade e recursos humanos e querendo se matar toda segunda-feira de manhã. O que aconteceu aí?”
Confesso que demorei muito para conseguir terminar de ler esse livro e não estou feliz por dizer isso, porque é uma coisa negativa em relação a uma obra muito bem escrita. Mas a verdade é que foram quase duas semanas com uma leitura que só foi deslanchar mesmo no final. Quando isso acontece é porque a história não nos prende e aqui eu atribuo isso a dois motivos: o início parado demais para o meu gosto e o fato de ser um gênero e assunto que não me atrai.

Eu sou apaixonada por livros cheios de romance água com açúcar e aventuras, com narrativas que me fazem prender a respiração em antecipação a um momento de adrenalina. “O Clube do Jardineiro de Fumaça” não é esse tipo de livro. Eu me lembro de apenas uma cena onde Arthur é encarregado de um serviço que pode ou não dar certo, um único momento que me deixou muito animada querendo saber como aquela situação acabaria. No geral Arthur é um homem adulto e inteligente que sabe o que está fazendo e embora haja coisas ruins – como um desaparecimento e assassinato - acontecendo ao redor do Condado de Mendocino, esse perigo não chega até ele.

O livro é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente, o que dá ao leitor uma boa ideia a respeito da personalidade e caráter de cada personagem. Além disso, no meio dos capítulos são inseridos alguns pequenos textos que misturam realidade e ficção sobre pessoas reais que fizeram parte da história da legalização da maconha no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Foi muito interessante conhecer essas pessoas e ver suas razões para ir a favor ou contra a legalização do cultivo da planta; suas opiniões são fortes o bastante para fazer o leitor refletir sobre o lado bom e ruim do uso da mesma.
“Anos de contracultura jogados no lixo. Se você podia se adaptar tão rápido à nova ordem das coisas, isso significava que o passado inteiro tinha sido uma farsa muito bem montada.”
Aprendi muita coisa sobre essa polêmica planta, sendo que antes de ler o livro eu sabia apenas seu nome e aparência. Enquanto lia me preocupei que pessoas desinformadas poderiam ser inspiradas pela história e partir para a terra do Tio Sam achando que tudo é tão fácil como a narrativa faz parecer, mas acho que a autora pode ter pensando sobre isso também, já que em determinado momento vemos o que pode acontecer com uma pessoa mais ingênua. Um exemplo triste, mas que teve que ser mostrado para lembrar-nos que pessoas mal intencionadas estão em todos os lugares.

E para finalizar digo que apesar da minha leitura ter se arrastado do início até pelo menos metade do livro, afirmo que o problema aqui sou eu e meu gosto. Já citei acima e repito, “O Clube do Jardineiro de Fumaça” é uma obra bem escrita, bem estruturada, rica em detalhes e informações. Você percebe que a autora estudou e sabe do que está falando, então se esse for o seu tipo de leitura, com certeza recomendo.

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