segunda-feira, 24 de julho de 2017

[RESENHA] "NOSSAS NOITES", DE KENT HARUF

Nome: Nossas Noites
Autor: Kent Haruf
Editora: Companhia das Letras
Onde comprar: Buscapé

Livro cortesia da Editora Companhia das Letras
Em Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias. Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora surpreso com a iniciativa, Louis aceita o convite.

Os vizinhos, no entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia.

Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os pequenos prazeres da vida — que pode surpreender e ganhar um novo sentido mesmo quando parece ser tarde demais.


“Nossas Noites” nos apresentas a Addie Moore e Louis Waters, dois idosos que já perderam seus parceiros e agora vivem suas respectivas vidas sozinhos em uma pequena cidade chamada Holt, no Colorado.

Certo dia Louis recebe a visita de Addie e é surpreendido pela proposta que ela faz: que eles passem algumas noites juntos para aplacar a solidão que esses períodos do dia traz. Isso não é sobre sexo, trata-se apenas da carência de ter alguém com conversar antes da chegada do sono e de sentir uma presença na cama. E assim eles criam uma rotina em que todas as noites Louis se encaminha para a casa de Addie, eles tomam uma bebida e seguem para cama onde conversam sobre suas experiências de vida até adormecerem.
“Estou falando de ter uma companhia para atravessar a noite, para esquentar a cama. De nós nos deitarmos na cama juntos e você ficar para passar a noite. As noites são a pior parte. Você não acha?”
Das noites compartilhadas nasce uma amizade verdadeira, que vai naturalmente evoluindo para um sentimento que eles ainda estão tentando entender. Enquanto isso, os boatos sobre as visitas noturnas de Louis se espalham pela cidade e chegam aos ouvidos dos filhos de ambos, que não ficam nada felizes com isso. Mas Louis e Addie já tiveram sua cota de fofocas na vida e estão cansados de viver conforme as regras da sociedade.
“Resolvi que não vou ficar me preocupando com o que as pessoas pensam.”
Esse livro foi uma cortesia inesperada da Companhia das Letras. Não é o tipo de história que estou acostumada e confesso que esperava uma leitura maçante, um feliz engano. A narrativa é encantadora e envolvente desde o início, ela consegue transmitir a sensibilidade e o olhar maduro dos personagens protagonistas e nos faz torcer por um final feliz. Mais do que isso, “Nossas Noites” traz uma reflexão sobre o que estamos fazendo com nossas próprias vidas e sobre os preconceitos que circundam as pessoas mais velhas.

Uma triste verdade sobre a nossa sociedade é que estamos ocupados e estressados demais para aproveitar a vida e o mundo a nossa volta, até ser tarde demais para desfrutar da companhia daqueles que amamos e para dizer tudo o que gostaríamos de dizer. Porém, nunca é tarde para recomeçar. Fiquei muito irritada com a injustiça cometida contra os personagens, afinal que direito uma pessoa tem de interferir na vida da outra? A idade avançada não deveria ser vista como um empecilho, todos merecem ter a chance de refazer suas vidas. Quando amamos alguém desejamos a ela o bem, então não consigo entender porque algumas pessoas ficam desconfortáveis ao verem seus pais/avós tentarem encontrar a felicidade em um novo amor. Perder alguém para a morte é doloroso, mas isso não significa que quem ficou para trás deve viver em luto para sempre.
“Quem imaginaria que, a essa altura da vida, nós ainda poderíamos ter algo desse tipo? Que afinal ainda existe, sim, espaço para mudanças e entusiasmos na nossa vida. E que nós ainda não estamos acabados nem física nem espiritualmente.”
“Nossas Noites” é uma obra bela e profunda sobre o relacionamento humano, uma leitura agradável e cheia de aprendizados em pouco mais de 100 páginas. A escrita simples fluí incrivelmente bem e o desfecho, apesar de não ter me agradado, pelo menos não me deixou em prantos. Foi um final bem apropriado na verdade, porque assim é a vida humana, nem tudo são flores.

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