sexta-feira, 30 de setembro de 2016

[RESENHA] "UMA CANÇÃO DE NINAR", DE SARAH DESSEN

Nome: Uma Canção de Ninar
Autora: Sarah Dessen
Editora: Seguinte
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela editora
Não deixe ficar sério demais. Não deixe ele partir seu coração. E nunca, em hipótese alguma, saia com um músico.

Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento.

Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela.

Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor…


Essa é a minha segunda experiência com Sarah Dessen e o que posso dizer é que foi ainda melhor que a minha primeira leitura de uma obra da autora.

Ao longo de sua vida, Remy viu a mãe entrar e sair de vários relacionamentos e isso fez com que ela perdesse a fé no amor. A protagonista entende tudo sobre o planejamento de uma festa de matrimônio, porém não quer saber de se envolver seriamente com um garoto. Ela já teve vários namorados, mas todos os seus relacionamentos tem um prazo de validade – ela tem até mesmo o discurso de término pronto.

Filha de uma escritora famosa com um músico falecido que quando vivo jamais fez questão de conhecê-la, Remy vê em seus pais a prova de que o amor é um sentimento perigoso e é por isso que ela é tão rigorosa acerca das próprias regras sobre namoros. A regra principal é nada de namorar músicos e então todo o resto é como um roteiro: o garoto deve ter certo tipo de personalidade para não irritá-la, em seguida vem a relação cheia de amassos e sexo e por fim o término, antes que tudo fique sério demais. Remy jamais quebrou qualquer uma dessas regras... até conhecer Dexter, o vocalista de uma banda que busca pelo sucesso.
“Eu já não tinha ilusão à respeito do amor. Ele vinha, ele ia, deixava vítimas ou não. As pessoas não eram feitas para ficar juntas para sempre, independentemente do que diziam as músicas.”
O garoto entrou na vida dela com um esbarrão – literalmente – e virou seu mundo de pernas para o ar. Nas palavras da própria Remy, Dexter é desengonçado e desleixado, duas características suficientes para riscá-lo de sua lista de pretendentes, mas ele também é muito perseverante e depois de tanto insistir, eles finalmente começam a namorar.

A relação com Dexter se mostra diferente em vários aspectos e incomoda Remy o fato de ela não se preocupar tanto com isso. Com ele, ela quebra várias cada uma de suas próprias regras, enquanto tenta convencer a si mesma de que não está se apaixonando.
“Qual seria a sensação, me perguntei, de amar alguém tanto assim? A ponto de não conseguir se controlar quando a pessoa chegava perto, como se pudesse simplesmente se livrar de qualquer coisa que a estivesse segurando e se jogar sobre o outro como força suficiente para tomar conta dos dois?”
Remy está longe de ser uma protagonista ingênua. Prestes a ingressar na universidade, ela é o tipo de garota que adora sair com as amigas para uma noite de farra, cigarros e bebedeira – embora atualmente ela tenha parado de fumar e redirecionado seu vício para a coca zip, que às vezes acaba batizada. Frustrada pelo comportamento do falecido pai, que nunca quis conhecê-la, e pelos vários casamentos fracassados da mãe, Remy desenvolveu uma opinião negativa sobre o amor. Sua relação com os garotos se resume a alguns meses de sexo e diversão, antes que ela perca o interesse e declare que é hora de partir para outra.
“Sim, era um saco ser dispensado. Mas não era melhor quando alguém era sincero? Quando admitia que seus sentimentos por outra pessoa nunca seriam fortes o bastante para justificar o tempo dos dois?”
Estressada, desconfiada e controladora, a protagonista é frustrada pelo comportamento do falecido pai e pelos vários casamentos fracassados da mãe, o que fez com que ela desenvolvesse uma opinião negativa sobre o amor. Sua relação com os garotos se resume a alguns meses de sexo e diversão, antes que ela perca o interesse e declare que é hora de partir para outra.

Dexter é um jovem desajeitado e de espírito livre, que gosta de viver a vida intensamente. Ele não costuma pesar as possibilidades diante das coisas que faz, jogando-se sem medo nas oportunidades que lhe são oferecidas - sejam elas importantes ou banais. Dexter se encanta por Remy desde o primeiro encontro e sua insistência em ficar com ela rende encontros divertidos e até fofos. Em nenhum momento ele demonstrou ser o típico músico pegador em busca de aventuras, ao contrário disso, ele é quem deseja ter um relacionamento sério com ela.
“— Essa é a grande questão, né? — ele disse. — Tem um problema aqui. Eu acho que as fotos podem sair. Talvez não fiquem perfeitas. Podem ficar embaçadas ou ser cortadas pela metade. Mas acho que vale a pena tentar. Eu sou assim.
Fiquei ali parada, atônita, enquanto ele erguia a câmera e tirava mais uma foto minha. Olhei diretamente para Dexter quando clicou, mostrando que havia entendido sua metáfora barata.”
Quando comecei a ler “Uma Canção de Ninar”, não imaginei que o livro me encantaria tanto. A trama, os personagens e a escrita da autora, tudo se somou em uma leitura fluída e deliciosamente envolvente que infelizmente terminou muito rápido e me deixou querendo mais.
“- [...] É isso que nos transforma no que somos. Riscos. Isso é viver, Remy. Ficar com tanto medo a ponto de nem tentar é um desperdício. Posso dizer que cometi muitos erros, mas não me arrependo de nada. Porque pelo menos não passei a vida toda à margem, imaginando como seria viver.”
Embora eu tenha gostado bastante da história, os personagens é que se destacaram. Apaixonei-me por cada um deles e simplesmente porque a autora desconstruiu aquela imagem de mocinha perfeita e o mocinho ordinário que encontramos em vários outros romances. Remy e Dexter possuem muitos defeitos, mas isso os torna mais humanos e é fácil para o leitor se conectar com os sentimentos de ambos – que, aliás, possuem uma química deliciosa.

Ainda assim, “Uma Canção de Ninar” é muito mais do que uma história de amor, oferecendo lições valiosas sobre a vida, o amor e a amizade. É um livro que super vale a pena o seu tempo.
“Algumas coisas não duravam para sempre, mas outras, sim. Como uma boa música, ou um bom livro, ou uma boa lembrança que se pode pegar e desdobrar nos piores momentos, segurando pelos cantos e olhando bem de perto, esperando reconhecer a pessoa que se vê ali.”

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