quarta-feira, 7 de setembro de 2016

[RESENHA] "O DESPERTAR DO PRÍNCIPE", DE COLLEEN HOUCK

Nome: O Despertar do Príncipe
Série: Deuses do Egito #01
Autora: Colleen Houck
Editora: Arqueiro
Onde comprar: Buscapé
Aos 17 anos, Liliana Young tem uma vida aparentemente invejável. Ela mora em um luxuoso hotel de Nova York com os pais ricos e bem-sucedidos, só usa roupas de grife, recebe uma generosa mesada e tem liberdade para explorar a cidade.

Mas para isso ela precisa seguir algumas regras: só tirar notas altas no colégio, apresentar-se adequadamente nas festas com os pais e fazer amizade apenas com quem eles aprovarem.

Um dia, na seção egípcia do Metropolitan Museum of Art, Lily está pensando numa maneira de convencer os pais a deixá-la escolher a própria carreira, quando uma figura espantosa cruza o seu caminho: uma múmia — na verdade, um príncipe egípcio com poderes divinos que acaba de despertar de um sono de mil anos.

A partir daí, a vida solitária e super-regrada de Lily sofre uma reviravolta. Uma força irresistível a leva a seguir o príncipe Amon até o lendário Vale dos Reis, no Egito, em busca dos outros dois irmãos adormecidos, numa luta contra o tempo para realizar a cerimônia que é a última esperança para salvar a humanidade do maligno deus Seth.

Em "O Despertar do Príncipe", Colleen Houck apresenta uma narrativa inteligente, cheia de humor e ironia. Este é o primeiro volume da aguardada série Deuses do Egito, uma aventura fascinante que vai nos transportar para cenários extraordinários e nos apresentar a criaturas fantásticas da rica mitologia egípcia.

Resenhas | Série “Deuses do Egito”


  



Depois do final de A Saga do Tigre”, eu precisava de uma nova história semelhante para adorar. Todo aquele ambiente de aventuras, maldição e mitologia deixou saudades e para tentar supri-la, por que não dar chance à nova série da mesma autora?

Em “O Despertar do Príncipe” somos levados até Nova York, à cidade de Liliana “Lily” Young. Nascida em uma família rica, a garota abomina a vida fútil dos jovens a sua volta e odeia o modo como seus pais controlam cada aspecto de sua vida.
“Eu sabia que era covarde, uma covarde privilegiada, fraca e iludida, que preferia ficar sentada na sua linda mansão, no seu quartinho todo perfeito, apaziguando as amigas falsas do colégio particular, o tempo todo se enganando e tentando acreditar que tinha o espírito tão livre quanto as pessoas que desenhava no caderno.”
Certo dia, antes de um encontro – arranjado por sua mãe – com um bando de garotas ricas e mimadas, Liliana decide espairecer. Prestes a deixar o colegial e pressionada pelos pais a escolher uma boa universidade, ela aproveita para analisar suas opções enquanto descansa dentro do Metropolitan Museum of Art (MET). Naturalmente, a última coisa que ela esperava encontrar era um estranho (muito lindo) afirmando ser um antigo príncipe egípcio com uma tarefa a cumprir.

O estranho é Amon, personificação do Deus do Sol, Amon-Rá, que a cada milênio retorna ao nosso mundo junto com seus irmãos para cumprirem sempre a mesma missão - realizar um ritual que irá impedir o retorno de Seth, um Deus maligno cuja intenção é trazer caos ao mundo.

O mundo atual é muito diferente do que Amon se lembrava, mas acordar em uma cidade desconhecida e tão grande quanto Nova York torna tudo ainda pior. Além disso, ele e Lily estão conectamos por um encantamento que dá força e poder ao príncipe egípcio. A protagonista, que sempre teve uma vida tão perfeitamente planejada, decide então embarcar nessa aventura e ajudá-lo a voltar ao seu país de origem para despertar seus dois irmãos e assim realizar a cerimônia que irá salvar a humanidade.
“[...] estava morta de medo de que aquela aventura fosse minha única oportunidade de romper esse padrão. De escolher algo diferente. De ser uma pessoa diferente. Era fácil demais imaginar minha vida dali a cinco anos.”
Entre descobertas fantásticas e momentos perigosos, Lily descobre mais sobre a garota ousada e corajosa que vive dentro de si. Ao mesmo tempo ela teme as novas emoções, relacionadas a Amon, que surgem em seu coração.

Para uma garota muito rica, Lily é surpreendentemente humilde e pé no chão. Embora ache essa história de príncipes egípcios e antigos rituais uma completa loucura, ela decide embarcar nessa jornada, vendo-a como uma grande chance de fazer algo diferente e emocionante em sua vida previsível.

Personificação do Deus Amon-Rá, Amon possui o poder do Olho de Hórus. Corajoso e altruísta, ele aceita que seu destino é sacrificar-se pela humanidade de novo, de novo e de novo, por isso rejeita as investidas amorosas de Lily. No entanto, a convivência com ela acaba tendo um grande impacto sobre seus sentimentos e decisões.
“– Hakenew, Lily.
– Isso quer dizer “obrigado”, não é?
– Quer dizer mais do que um simples obrigado. Expressa um profundo sentimento de gratidão por outra pessoa. É um agradecimento pelo calor e pelo conforto duradouros que sente na companhia de alguém especial. Não estou agradecendo a você, Lily. Estou agradecendo
por você.”
Osahar Hassan é um arqueólogo e também grão-vizir, ou seja, uma espécie de sacerdote que serve a Amon e seus irmãos, cuidando de todos os preparativos relacionados ao despertar e sacrifícios dos mesmos. Ele é um homem inteligente, fiel e muito prestativo.

Asten e Ahmose são os irmãos mais velhos de Amon. Ciente de sua beleza, Asten faz o estilo Don Juan. Charmoso e divertido, a personificação do Deus das Estrelas é o responsável pelo comentários engraçadinhos que deixam a história mais leve e gostosa. Ahmose é mais reservado, embora adore zoar Asten pelo ego elevado. Personificação do Deus da Lua, ele foi abençoado com o poder da cura.
“ Enquanto ele começava a avançar, ouvi Ahmose sussurrar para Asten:
– Gostei dela.
– Eu também – respondeu Asten. Então falou mais alto: – Apesar de ela ser uma devota bem ruinzinha, e ter o péssimo hábito de não desfalecer aos meus pés como faria qualquer mulher em sã consciência.
– Nesse caso, gosto ainda mais dela.”
Seth, o grande vilão da história, não está fisicamente presente – afinal o ritual que os príncipes egípcios devem realizar é justamente para impedir que o maléfico deus retorne ao mundo –, mas isso não significa que ele não esteja agindo. Assim como os garotos tem o seu grão-vizir para ajudar na luta pelo bem, Seth tem a seu favor sacerdotes do mal que utilizam de poderes sobre-humanos para tentar impedir que o ritual milenar seja cumprido.

“O Despertar do Príncipe” foi uma boa leitura, apesar de não ter superado minhas expectativas. Embora a sinopse tenha me atraído, o meu grande incentivo para ler esse livro foi o fato dele ser escrito por Colleen Houck - uma vez que eu li e amei “A Saga do Tigre”.

Eu não estava procurando outra versão de “A Maldição do Tigre”, mas esperava encontrar toda ação que fez com que eu me apaixonasse pela escrita de Colleen. “O Despertar do Príncipe” possui lá seus momentos tensos e perigosos, mas aquela aventura de tirar o fôlego não aconteceu.
“Ele era apenas um homem envolvido em um jogo celeste: um poderoso peão que os deuses movimentavam no tabuleiro e sacrificavam em nome de seus próprios objetivos.”
Em compensação a parte da cultura egípcia me deixou completamente extasiada. A mitologia e história desse povo são fascinantes por si só e o modo como a autora abordou o tema tornou o livro ainda mais encantador e sonhador. Os lugares, os contos e os objetos, tudo descrito de uma forma tão detalhada que leva o leitor para dentro das páginas.

Os personagens também me conquistaram. Lily, que só quer arriscar-se em algo diferente em sua vida planejada, amadurece muito diante das dificuldades que encontra. A única coisa que me irritou sobre ela foi as constantes investidas amorosas em Amon, mas até isso faz parte de sua decisão de ser mais ousada e correr atrás do que quer – diferente de Liliana Young, a garota rica de Nova York.

Os príncipes são um charme total. Irresistíveis, corajosos, altruístas e poderosos, foi meio impossível não me apaixonar pelos três. Na narrativa é contada a origem de cada um e como se deu o início do ritual milenar, no entanto sinto que ainda há muito sobre eles para conhecermos e espero descobrir tudo nas sequências.
“Naquela mesma noite, o deus voltou para concluir a cerimônia e, quando chegou a hora, levou consigo os três príncipes reais, deixando para trás três famílias enlutadas, uma lenda que seria transmitida de geração em geração e três múmias com um objetivo principal a cumprir - um destino que as faria despertar outra vez.”
Sobre a edição, não tenho absolutamente nenhuma reclamação. A capa é maravilhosa, com o título e o nome da autora escritos em relevo. Cada detalhe da arte passa a fazer sentido após a finalização da leitura. A diagramação também está excelente, as letras têm ótima fonte e tamanho e também não encontrei erros no texto.

“O Despertar do Príncipe” é uma boa história e consegue entreter o leitor. A narrativa é recheada de magia, sacrifícios, aventuras (ainda que essa parte não tenha me empolgado tanto) e até mesmo algumas reviravoltas interessantes. E como era de se esperar, o desfecho se dá com um bom gancho para a sequência, porque Colleen parece adorar deixar seus leitores morrendo de curiosidade e ansiedade até o próximo livro.
“ — A Eternidade é um tempo longo demais para não se ter  alguma coisa para lembrar.”


Clique aqui para ler um trecho do livro.


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