terça-feira, 5 de abril de 2016

[RESENHA ] "A PROBABILIDADE ESTATÍSTICA DO AMOR À PRIMEIRA VISTA", DE JENNIFER E. SMITH

Nome: A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista
Autora: Jennifer E. Smith
Editora: Galera Record
Onde comprar: Buscapé
Às vezes a gente tem um clic e percebe que tudo mudou. Por uma coincidência. Uma fatalidade. Ou algo trivial. Nada será como antes.

É exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta a seu lado na viagem para Londres.

Enquanto conversam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. E quatro minutos podem MESMO mudar tudo...


Aqui nós conhecemos Hadley, uma adolescente que não está nem um pouco animada em viajar para a Inglaterra para ver o pai se casar com a mulher pela qual ele trocou sua mãe. Mesmo que sua madrasta não seja uma má pessoa e, através de e-mails, tente incluí-la nos planejamentos do casório, Hadley se nega a deixar que ela se aproxime demais, além de evitar ao máximo o contanto com o pai, com quem era tão apegada na infância.
“Ao fundo, Hadley escuta Charlotte murmurando, e alguma coisa queima dentro dela, um pequeno surto de raiva. Apesar dos e-mails carinhosos que a mulher mandou desde o noivado […] , há exatamente um ano e 96 dias, ela decidiu que ia odiar aquela mulher, e um convite para ser madrinha não era o suficiente para mudar isso.”
Porém, a protagonista acaba sendo convencida pela mãe a comparecer no evento, pois esta não quer que futuramente a filha se arrependa de sua decisão de ficar de fora de um acontecimento importante para o pai.

Na manhã de sua viagem, véspera do grande dia, Hadley se depara com alguns imprevistos e por quatro minutos de atraso acaba perdendo o avião para Londres. Ela então é obrigada a esperar no aeroporto por mais algumas horas até o próximo voo e é nesse meio tempo que conhece Oliver, um britânico que estuda nos Estados Unidos e que também está indo para a capital inglesa para participar de um evento familiar.

Hadley e Oliver voltam a se encontrar dentro do avião, onde sentam-se lado a lado. Durante as sete horas de viagem eles criam um laço de amizade e algo mais, o que faz com que a separação no aeroporto de Londres deixe Hadley com um estranho sentimento de vazio.
“Hadley coloca a testa no vidro do táxi e se pega sorrindo por causa dele de novo. Oliver é como uma música que ela não consegue esquecer. Por mais que tente, a melodia do encontro entre os dois fica tocando na cabeça repetidamente [...]”
No entanto, o dia é longo e as coincidências continuam a acontecer. Hadley não queria essa viagem, mas até o final do dia ela terá várias surpresas que irão mudar sua maneira de ver muitas coisas.

“A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista” é um  livro diferente do que eu imaginava. Eu esperava uma história de amor boba e divertida entre dois adolescente, mas a trama vai além do romance entre Hadley e Oliver, focando também na relação conturbada que os jovens tem com seus pais.

A leitura é tão rápida quanto os acontecimentos da história, que se passam em cerca de 48 horas. Narrado em terceira pessoa, o livro consegue envolver o leitor e fazê-lo se perder nas páginas, sentindo todas as emoções de Hadley.  Não acho que o desfecho seja surpreende, mas consegue comover quando todas as cartas são jogadas a mesa e Hadley finalmente se vê enfrentando seus medos e angústias.
“Era tudo culpa dele, e ainda assim o ódio que sentia era a pior forma possível de amor, era uma saudade que torturava, um sonho que fazia o coração doer dentro do peito. Não tinha como ignorar a sensação de que se tornaram duas peças de quebra-cabeças diferentes e nada no mundo podia fazê-los se encaixar novamente.”
Os personagens são bem desenvolvidos e cativantes. Cheios de conflitos internos, eles estão longe de serem perfeitos, o que torna fácil para nós leitores nos identificarmos, afinal todos passamos pela adolescência e acredito que a maioria teve uma fase de inseguranças.

Um tanto quanto sarcástica e melancólica, Hadley teme o fim definitivo de sua família e apesar de se recusar a manter grande contato com pai, em certo momento fica claro que o seu medo é acabar se tornando uma estranha na vida que ele está iniciando com a nova esposa. Oliver é espirituoso e capaz de fazer as coisas mais simples tornarem-se interessantes; um personagem simplesmente apaixonante. Porém, apesar de seu jeito radiante, é perceptível que ele também tem em sua vida algo que o machuca profundamente.

“A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista” pode não ser o que eu esperava, mas com certeza não me decepcionou. Mágoa, recomeço, reconciliação e, principalmente, as várias formas do amor são explorados na história que Jennifer Smith conduziu com maestria. Leitura recomendada.
“— O que você estuda de verdade?
Ele se afasta para olhar para ela.
— A probabilidade estatística do amor à primeira vista.
— Que engraçadinho — diz ela. — Fale a verdade.
— Estou falando sério.
— Não acredito em você.
Ele dá uma risada e abaixa a boca para falar perto da orelha dela.
— As pessoas que se encontram em aeroportos têm 72 por cento mais chance de se apaixonarem que as pessoas que se encontram em outros lugares.”

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