quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

[RESENHA] "UMA SEMANA PARA SE PERDER", DE TESSA DARE

Nome: Uma Semana Para Se Perder
Autora: Tessa Dare
Série: Spindle Cove (#02)
Editora: Gutenberg
Onde ComprarBuscapé
O que pode acontecer quando um canalha decide acompanhar uma mulher inteligente em uma viagem?

A bela e inteligente geóloga Minerva Highwood, uma das solteiras convictas de Spindle Cove, precisa ir à Escócia para apresentar uma grande descoberta em um importante simpósio. Mas para que isso aconteça, ela precisará encontrar alguém que a leve.
Colin Sandhurst Payne, o Lorde Payne, um libertino de primeira, quer estar em qualquer lugar – menos em Spindle Cove. Minerva decide, então, que ele é a pessoa ideal para embarcar com ela em sua aventura. Mas como uma mulher solteira poderia viajar acompanhada por um homem sem reputação?

Esses parceiros improváveis têm uma semana para convencer suas famílias de que estão apaixonados, forjar uma fuga, correr de bandidos armados, sobreviver aos seus piores pesadelos e viajar 400 milhas sem se matar. Tudo isso dividindo uma pequena carruagem de dia e compartilhando uma cama menor ainda à noite. Mas durante essa conturbada convivência, Colin revela um caráter muito mais profundo que seu exterior jovial, e Minerva prova que a concha em que vive esconde uma bela e brilhante alma.

Talvez uma semana seja tempo suficiente para encontrarem um mundo de problemas. Ou, quem sabe, um amor eterno.

Resenhas | Série “Spindle Cove”


  


Sabe quando a vida dá uma reviravolta e você pensa consigo: "agora sim, tudo vai ser diferente. Agora apareceu a minha chance de ser feliz!!" ? Minerva estava saboreando este momento ao descobrir que ela e suas irmãs fariam uma temporada na pacata porém aconchegante Spindle Cove. Claro que ela não contava com a permanência de sua mãe, mas tendo em vista a frágil saúde de sua irmã mais velha, era compreensível. O que não era compreensível de forma alguma para Minerva era o fato de sua mãe não aceitar que ela gostasse mais de estudos do que de bordados. Sempre apaixonada pela terra, Minerva era uma das poucas mulheres com diploma de Geologia, e muito admirada por estudiosos da área. Apesar de usar um pseudônimo que sugerisse que ela era homem, Min se alegrava com cada descoberta nova e com a quantidade de admiradores de seu trabalho, que só crescia. Por este motivo, sua mãe via a salvação da família por um casamento através de Diana, a filha mais velha. Não importasse o quanto Minerva se esforçava, sua mãe via nela uma decepção, e isso a arrasava. 

Com a chegada do Visconde Colin Payne, a matriarca Highwood encontrou o pretendente perfeito. Minerva não se conformava com os esforços de sua mãe para unir sua amada irmã com o desprezível Colin, e seus motivos eram nobres, apesar de complexos. Minerva desejava a sua irmã um casamento onde houvesse amor, pois tinha certeza que era o maior sonho de Diana. Também era contra a união pois achava Colin um desavergonhado que não se importava com ninguém. E porque ela não conseguia imaginar ele casado com sua irmã. Afinal, Min poderia negar a si mesma o quanto quisesse, mas no fundo ela sabia que tinha uma enorme queda por ele e que a ideia de Colin e sua irmã juntos causava-lhe náuseas. 
" - Você não pode se casar com minha irmã - disse Minerva, desejando que sua voz parecesse firme. - Eu simplesmente não vou permitir. Você não a merece.
- É verdade. Mas nenhum de nós consegue o que realmente merece nesta vida. Se não, como Deus se divertiria? - Ele pegou a taça da mão dela e tomou um belo gole de vinho.
- Ela não ama você.
- Ela não me detesta. Amor não é tão necessário. - Inclinando-se para frente, ele apoiou o braço no joelho. - Diana é educada demais para recusar e sua mãe ficaria muito feliz. Meu primo enviaria a licença especial em um instante. Se nos casássemos esta semana, no domingo você já poderia me chamar de irmão.
Não. todo o corpo dela rejeitou a ideia. Cada milímetro."
Colin não sabia o que tinha feito para tamanho castigo divino, porém compreendia a punição imposta. Após ser obrigado a ir para Spindle Cove junto com seu primo Bram para criar uma milícia na pacata vila, seu sofrimento só aumenta por descobrir que teria de permanecer lá até seu aniversario chegar. Seu testamento colocava Bram como seu curador, visando a proteção de seu próprio patrimônio. Sendo jovem, lindo e viril, uma fortuna seria como combustível jogado ao fogo. Ao chegar lá, Colin não consegue compreender a loucura de toda aquela gente em criar um ambiente totalmente feminino, e não se conforma com a castração psicológica imposta aos homens pelas mulheres. Mais que isso, ele não aceitava o fato das mulheres preferirem uma aula de tiro à um encontro romântico, já que por mais que tentasse disfarçar, sua natureza romântica desejava um amor para a vida toda, e também desejava Min.
" - Se eu quisesse - murmurou ele, puxando-a para perto e fazendo-a erguer o rosto - eu convenceria todo mundo de que a razão verdadeira pela qual fiquei em Spindle Cove, meses além do que eu poderia aguentar, não tem nada a ver com meu primo ou minhas finanças. - a voz dele ficou rouca. - Foi simplesmente você, Minerva. - ele acariciou o rosto dela, tão suavemente que fez seu coração doer. - Sempre foi você. "
Por isso, sempre que Colin e Minerva se encontravam algo não acabava bem. Ela não era como as outras mulheres, sua beleza escondida por baixo de óculos e roupas discretas não afastavam por completo sua totalidade como mulher, nem sua beleza interior, que só aparecia quando ela permitia ser vista. Fingindo ignorar isso, Colin sempre tentava provoca-lá e Minerva sempre se chateava e o criticava, mesmo com a forte atração os dizendo para mandarem o bom senso às favas e ficarem juntos. Porém, Colin sabia que Minerva era uma dama, e suas regras o diziam que não era permitido arruinar jovens damas. Cheio de traumas do passado e sem direção para seguir, Colin sempre se esforçava para afastar Minerva de si e de seu coração, pois sabia que não era digno dela e que ele iria arruiná-la no final.
" - Por quê? - perguntou ela, incapaz de se segurar. - Você poderia ter Diana.
- Imagino que sim. E se eu decidisse casar com ela, você não poderia me impedir.
O coração de Minerva bateu com tanta força dentro do peito que ela teve certeza de que Colin poderia senti-lo.
- Mas você me escolheu esta noite. Por quê? - Um sorriso irônico surgiu na boca de Colin.
- Você quer que eu explique?
- Quero. E com sinceridade, não.. - "não como na noite passada".
- Com sinceridade. - Ele refletiu sobre a palavra. - Sinceramente, sua irmã é linda, elegante, reservada, dócil. É fácil para um homem admirá-la e imaginar toda uma vida diante de si. Casamento, casa, louça, filhos. Não é uma perspectiva em seus atrativos. Mas é tudo muito arrumado e pronto.
- E quando você olha para mim? O que é que você vê?
- Sinceramente? Quando eu olho para você... - ele tocou a parte de baixo das costas dela. - Eu penso, comigo mesmo, algo do tipo: Só Deus sabe que provações surgirão na minha vida."
Enquanto isso, Minerva tenta de alguma forma evitar o matrimônio de sua irmã com Colin, ocasião que sua mãe já considerava fato. Ela propõe então que Colin, já interessado em ir embora de Spindle Cove, a acompanhe até a Escócia para apresentar uma descoberta que mudaria tudo no mundo geológico. Primeiramente Colin debocha e se recusa, mas não vê escolha se não acompanhá-la, pois ela ameaçava ir sozinha. A ideia de Minerva era simular um envolvimento romântico com Colin, fingir que estavam fugindo para se casar, enquanto ela ia para a Escócia e ele para sua propriedade.

Minerva não se importava com sua reputação arruinada, pois sabia que jamais se casaria e que tudo que desejava era viver descobrindo mais sobre as rochas sem ninguém a recriminando, ao mesmo tempo em que salvava sua irmã. Sabendo que Colin não iria aceitar, ela decide partir mesmo assim em busca de seu sonho, e quando ele aparece para acompanhá-la seu coração transborda com uma emoção desconhecida. Os dois então partem juntos rumo a Escócia, fingindo desprezo um ao outro mas cientes de que uma nova intimidade e um novo sentimento se instalava entre eles.
" Rindo, ele rolou de lado e a prendeu com uma perna.
- Você sabia que é a mulher mais surpreendente que existe?
A respiração dela ficou suspensa.
- Você também vive me surpreendendo. Nem sempre de modo agradável.
- Se as surpresas fossem sempre agradáveis, não seriam tão surpreendentes.
- Acho que isso é verdade.
Ele afastou alguns fios de cabelo do rosto dela, tirou os óculos de seu rosto e os colocou sobre o baú. O pulso de Minerva se acelerou quando ele baixou a cabeça lentamente e beijou.. a ponta de seu nariz. Ela piscou, tentando focar o rosto dele e entender sua expressão. Aquele foi um gesto carinhoso ou provocador? Ela não sabia dizer.
- Por que você fez isso?
- Porque você não estava esperando. Que tipo de surpresa foi? Agradável ou não?
- Não sei dizer.
- Então vou tentar de novo."
No meio do caminho, os dois encontram diversos obstáculos e passam pelas situações mais constrangedoras, enquanto vão descobrindo cada vez mais coisas novas a respeito um do outro. Os dois se questionam qual o nome dado para esse sentimento que cresceu entre os dois, pois para Minerva este era incrivelmente novo e delicioso. Já Colin, com suas regras e condições para se relacionar não consegue compreender como uma pessoa pode surpreender tanto, e mostrar cada vez mais coisas lindas sobre si mesmo em um curto espaço de tempo.
" - Você quer saber de uma coisa? - quando a luz amarela aqueceu o ambiente, ela se virou para Colin. - Hoje é meu aniversário.
- Sério? - ele riu.
- Não. Não de verdade. - ela riu, incapaz de se conter. - Mas se fosse, teria sido o melhor de todos. Colin, você é incrível.
- Você é maravilhosa. - ele a pegou pela cintura. O peito dele subiu e desceu com um suspiro ressonante. - Você é maravilhosa.
As palavras elogiosas dele fizeram toda sua pele arrepiar. Mas quando ele a puxou para si, um estranho obstáculo redondo ficou entre eles. Colin franziu a testa, confuso.
- Oh - disse ela, rindo. Afastando-se um pouco, ela tirou o obstáculo do bolso da sobressaia e o exibiu para ele. - Eu guardei um pêssego para você.
Ele olhou para o pêssego. Depois olhou para ela.
- Minerva.
Um formigamento despertou cada centímetro de seu corpo. A fome nos olhos dele, o calor ardente entre seus corpos... aquilo não era uma aula, nem uma experiência para satisfazer a curiosidade científica. Não era fingimento. Aquilo era real. Colin foi abaixando lentamente a cabeça, saboreando o momento. Fazendo Minerva se esticar para ele, senti-lo como uma necessidade. Até que finalmente ele deslizou a mão para segurar o pescoço dela e tomou sua boca em um beijo profundo e apaixonado."
Agora é o momento em que não conto se eles completaram a viagem, ou se eles ficam juntos, ou qualquer outra coisa. Eu amei tanto esse livro que não cabe todo esse amor dentro de mim, por isso toda vez que alguém vai na loja eu surto um pouco e indico ele (ps: eu trabalho em uma livraria). A autora soube me cativar com sua escrita e com cada personagem. A temática da história em si, sobre um lugar onde as mulheres pudessem colocar o caos dentro de si ou ao redor em ordem é esplêndida. Porque vai muito além de uma temporada no spa, ou viajando ao redor do mundo. Ao meu ver, a autora criou um lugar onde se descobre quem é você, o que quer fazer, para onde vai e o que realmente importa. Ela criou um lar. Minerva era apenas uma garota inteligente e ambiciosa, que desejava mais para si do que ser dona de casa. Não porque cuidar do marido e aprender a bordar fossem inferior aos estudos, mas porque descobrir mais sobre a geologia era o que a fazia feliz. E ela desejava ser feliz.
" - Sabe, eu não deveria dizer isto. Mas você pode me pedir qualquer coisa agora, qualquer coisa mesmo, que eu daria para você.
- Sério? - ela riu.- Qualquer coisa que eu quiser? Ouro, prata, pérolas, rubis..?
- É seu. E sua, suas e seus.
- A lua.
- É sua. Vou até lá pegá-la para você, assim que recuperar o fôlego. E algumas estrelas também, se você quiser.
Ela se aninhou nele.
- Não se preocupe. Não consigo imaginar qualquer coisa que pudesse melhorar este momento.
Mas aquilo era mentira. Havia uma coisa que ela desejava ter coragem de lhe pedir. Se ela pudesse receber qualquer coisa que desejasse, Minerva só lhe pediria uma coisa. Amor. "Deixe que eu ame você, e me ame." As palavras queimaram em sua língua, mas Minerva não as conseguiu dizer. Que covarde inútil ela era. Ela podia bater na porta dele à meia-noite e exigir que fosse respeitada como indivíduo. Ela podia viajar através do país na esperança de ser admirada por suas realizações intelectuais. Mas ela não tinha coragem de pedir a coisa que mais queria. Ser amada, apenas por ser ela mesma."
Quantos de nós nunca desejou isso? Poder ir para um lugar onde você terá ajuda e tempo para descobrir o que te faz feliz, e assim ir lutar por isso? Minerva foi uma das personagens mais marcantes que já li, pois revela muito mais de si através das entrelinhas do que em suas falas. Colin mostra para nós leitoras que é possível um homem lindo e rico estar solteiro ainda, ser hétero, não ser velho e se apaixonar pela garota nerd (risos por motivos de: tenho esperanças ainda de encontrar um homem assim); e que ao encontrarmos a pessoa certa, vamos desejar ser diferente.

Não agir diferente apenas para agradar ou para se moldar ao padrão da outra pessoa, mas porque quando a gente ama quer o melhor para a outra pessoa, quer doar tudo de si. Colin viu que suas atitudes egoístas apenas magoariam Min, e decidiu ser diferente por ela, pois ela merecia mais e ele queria ser a pessoa que lhe daria tudo. Como diz o poeta: "quando a gente ama, simplesmente ama." 

Só digo que vocês vão amar essa continuação, que pode ser lida individualmente, e que irão se encantar mais ainda se já gostaram da série. A continuação eu já li, preciso dizer que foi forte, e que estou em um misto de dor e alegria, paixão e saudade por essa narrativa maravilhosa, bem equilibrada e cheia de surpresas. Você encontrará de tudo um pouco, que irá te encantar e fazer sonhar com "uma história pra sonhar, pra sonhar..". Quanto a editora preciso dizer que: a revisão esta impecável, porém não gostei muito da capa. Achei um pouco parecida demais com a da coleção Os Hathaways, mas "pouco" só pelos pequenos detalhes que nos lembram a personagem principal. Preciso também parabenizar a editora, pois não fui obrigada a esperar meses o lançamento da continuação e por adquirirem uma obra maravilhosa, um diferencial perante os títulos do mesmo gênero que lemos atualmente. Espero que fiquem por perto para lerem a resenha do último, e vos digo: se preparem!

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