sábado, 30 de janeiro de 2016

[NOVIDADES] PARALELA DIVULGA MAIS UM TRECHO DE "TODO SEU", ÚLTIMO LIVRO DA SÉRIE "CROSSFIRE"

A Editora Paralela divulgou mais um trecho de "Todo Seu", último volume da série "Crossfire", da autora Sylvia Day. O romance chega às livrarias a partir do dia 05 de abril.

Pré-Venda ► Amazon, Saraiva, Submarino, Livraria da Travessa, Extra, Ponto Frio e Casas Bahia.

Gideon Cross. A coisa mais fácil que já fiz foi me apaixonar por ele. Aconteceu instantaneamente, de forma completa e irrevogável. Casar com ele foi um sonho realizado. Continuar casada com ele é a maior batalha da minha vida. O amor transforma, e o nosso é um refúgio e também a pior tempestade. Duas almas danificadas que se entrelaçaram. Nossos votos foram apenas o começo. Lutar por esse casamento pode nos libertar... ou nos separar de vez.

Sedutor e comovente, Todo Seu é a última parte da saga Crossfire, uma história de amor que cativou milhões de leitores ao redor do mundo.
Clique aqui e leia o primeiro trecho divulgado.

Eu deveria ter entrado na cobertura de meu padrasto na ponta dos pés e prendendo a respiração, já que àquela hora – um pouco depois das seis da manhã –, eu poderia ser flagrada voltando. Mas entrei determinada, com os pensamentos tomados pelas mudanças que precisava fazer.

Eu tinha tempo para tomar um banho – rápido –, mas decidi não fazer isso. Fazia muito tempo que Gideon não me tocava, muito tempo desde a última vez em que havia me segurado, me penetrado. Eu não queria lavar de meu corpo a lembrança de seu toque. Só isso me daria a força para fazer o que tinha que ser feito.

Alguém acendeu a luminária de uma mesa de canto.

“Eva.”

Eu me sobressaltei. “Jesus.”

Ao me virar, encontrei minha mãe sentada em uma das poltronas da sala de estar.

“Você quase me matou de susto!”, falei, levando a mão ao peito, com o coração aos pulos.

Ela se levantou, com o roupão de cetim comprido cor de marfim resvalando ao redor das pernas torneadas e levemente bronzeadas. Eu era sua única filha, mas parecíamos irmãs. Monica Trammell Barker Mitchell Stanton tinha obsessão com a aparência. Com sua carreira de esposa estonteante, sua beleza e vivacidade eram seus bens mais preciosos.

“Antes que você comece”, eu disse, “sim, temos que conversar sobre o casamento. Mas preciso me preparar e arrumar minhas coisas para poder ir para casa hoje à noite…”

“Você está tendo um caso?”

Sua pergunta curta e direta me chocou mais do que sua presença ali. “O quê? Não!”

Ela soltou o ar, e a tensão saiu de seus ombros visivelmente.

“Minha nossa. Pode me dizer o que está acontecendo? Foi tão feia sua discussão com Gideon?”

Feia. Por um tempo, temi que ele colocaria um ponto final entre nós com as decisões que tomou.

“Estamos resolvendo as coisas, mãe. Foi só um obstáculo de percurso.”

“Um obstáculo que fez com que você o evitasse por dias? Não é assim que você deve lidar com seus problemas, Eva.”

“É uma longa história…”

Ela cruzou os braços.

“Não estou com pressa.”

“Mas eu estou. Preciso me aprontar para o trabalho.”

Vi a dor em seu rosto e senti remorso no mesmo instante.

Antigamente, eu queria ser como minha mãe quando crescesse. Passava horas vestindo as roupas dela, andando com seus saltos, passando seus cremes caros. Tentava imitar sua voz sussurrada e seus gestos sensuais, certa de que minha mãe era a mulher mais linda e perfeita do mundo. E sua atitude com os homens, o modo com que eles olhavam para ela e a serviam… bem, eu também queria aquele toque mágico dela.

No fim, acabei me tornando igual a ela, com exceção do penteado e da cor dos olhos. Mas isso era só por fora. Éramos duas mulheres extremamente diferentes por dentro e, infelizmente, passei a me orgulhar disso. Parei de pedir seus conselhos, exceto no que dizia respeito a roupas e decoração.

Isso mudaria. Naquele momento.

Eu havia tentado muitas atitudes diferentes em meu relacionamento com Gideon, mas não tinha pedido ajuda da única pessoa próxima a mim que sabia como era ser casada com um homem influente e poderoso.

“Preciso de um conselho, mãe.”

Minhas palavras pairaram no ar, e eu as observei sendo assimiladas. Os olhos de minha mãe se arregalaram, surpresos. Um momento depois, ela se sentou no sofá como se seus joelhos tivessem fraquejado. Seu choque foi um golpe forte, mostrando que eu a havia isolado totalmente.

Foi com dor no peito que me sentei no sofá na frente dela. Eu havia aprendido a ser cuidadosa em relação ao que dividia com minha mãe, fazendo o melhor que podia para esconder informações que pudessem dar início a discussões que me enlouqueciam.

Nem sempre tinha sido assim. Meu meio-irmão Nathan havia tirado de mim meu relacionamento caloroso e fácil com minha mãe, assim como havia tirado minha inocência. Quando minha mãe soube do abuso, ela mudou, tornando-se superprotetora a ponto de me perseguir e me sufocar. Era sempre extremamente confiante em relação a tudo em sua vida, menos em relação a mim. Comigo, ela era ansiosa e intrometida, chegando à beira da histeria, às vezes. Ao longo dos anos, eu aprendi a desviar da verdade com muita frequência, escondendo segredos de todo mundo a quem eu amava só para manter a paz.

“Não sei ser o tipo de esposa de que Gideon precisa”, confessei.

Ela endireitou os ombros, adotando uma postura ousada. “Ele está tendo um caso?”

“Não!” Dei risada sem querer. “Ninguém está tendo caso nenhum. Não faríamos isso um com o outro. Não poderíamos fazer. Pare de se preocupar com isso.”

Eu me perguntei se a recente infidelidade de minha mãe era a verdadeira raiz de sua preocupação. Será que isso pesava em sua consciência? Ela questionava seu relacionamento com Stanton? Eu não sabia como me sentir em relação a isso. Amava muito meu pai, mas também acreditava que meu padrasto era perfeito para o que a minha mãe precisava em um marido.

“Eva…”

“Gideon e eu nos casamos em segredo algumas semanas atrás.”

Meu Deus, como era bom colocar isso para fora.

Ela olhou para mim sem entender. Piscou uma, duas vezes. “O quê?”

“Não contei ao papai ainda”, continuei. “Mas vou ligar para ele hoje.”

Seus olhos ficaram marejados. “Por quê? Meu Deus, Eva… como foi que nos distanciamos tanto?”

“Não chore.” Eu me levantei e caminhei até ela, e me sentei ao seu lado. Segurei suas mãos, mas ela me abraçou com força.

Senti seu cheiro familiar e senti a paz que só encontramos nos braços de uma mãe. Por alguns momentos, pelo menos. “Não foi planejado, mãe. Nós passamos o fim de semana fora, e Gideon perguntou se eu aceitaria, e organizou tudo… Foi espontâneo. No calor do momento.”

Ela se afastou, revelando uma lágrima escorrida no rosto e a intensidade no olhar.

“Ele se casou com você sem um acordo pré-nupcial?”

Eu ri, não consegui me segurar. Claro que minha mãe pensaria nos detalhes financeiros. O dinheiro já era, há muito tempo, o que lhe movia. “Existe um acordo pré-nupcial.”

“Eva Lauren! Você o conferiu? Ou também foi espontâneo?”

“Li cada palavra.”

“Você não é advogada! Meu Deus, Eva… eu criei você para ser mais esperta!”

“Uma criança de seis anos seria capaz de entender os termos”, rebati, irritada com o problema real de meu casamento: Gideon e eu tínhamos pessoas demais se metendo em nossa relação, distraindo-nos a ponto de não termos tempo de cuidar das coisas que precisavam de atenção. “Não se preocupe com o acordo pré-nupcial.”

“Você deveria ter pedido ao Richard para ler o acordo. Não entendo por que não fez isso. É tão irresponsável. Simplesmente não…”

“Eu vi, Monica.”

Nós duas nos viramos ao ouvir a voz de meu padrasto. Stanton entrou na sala pronto para sair, muito elegante com um terno azul-marinho e uma gravata amarela. Imaginei que Gideon seria muito parecido com meu padrasto quando tivesse a idade dele: em forma, distinto, um belo macho alfa.

“Você viu?”, perguntei, surpresa.

“Cross o enviou a mim há algumas semanas.” Stanton se aproximou de minha mãe, segurando as mãos dela. “Os termos não poderiam ser melhores.”

“Sempre podem ser melhores, Richard!’, disse minha mãe, de modo direto.

“Existem recompensas por datas especiais, como aniversários de casamento e o nascimento dos filhos, e nada de penalidades a Eva, exceto terapia de casal. Uma separação resultaria numa distribuição muito razoável dos bens. Senti vontade de perguntar se os advogados de Gideon concordaram com o contrato. Imagino que devem ter sido muito contrários a ele.”

Ela parou por um momento, absorvendo as palavras. Então, levantou-se, irritada.

“Mas você sabia que eles se casariam? Você sabia e não me contou nada?”

“Claro que eu não sabia.” Ele a abraçou, consolando-a como se ela fosse uma criança. “Imaginei que ele estivesse se adiantando. Você sabe que essas coisas costumam demorar meses para serem negociadas. Mas, nesse caso, não havia nada mais que eu pediria.”

Fiquei de pé. Tinha que me apressar se quisesse chegar no trabalho na hora certa. Hoje, mais do que em qualquer outro dia, eu não queria me atrasar.

“Aonde você vai?” Minha mãe se afastou de Stanton. “Não terminamos de conversar. Você não pode jogar uma bomba dessas e ir embora!”

Eu me virei para olhar para ela e andei de costas. “Preciso mesmo me arrumar. Vamos almoçar juntas para podermos conversar mais?”

“Você não pode estar…”

Eu a interrompi.

“Corinne Giroux.”

Os olhos de minha mãe se arregalaram e se estreitaram em seguida. Um nome. Eu não tinha que dizer mais nada.

A ex de Gideon era um problema que não precisava de nenhuma explicação.

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