quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

[RESENHA] "TODOS OS NOSSOS ONTENS", DE CRISTIN TERRILL

Nome: Todos os Nossos Ontens
Autora: Cristin Terrill
Editora: Novo Conceito
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela Novo Conceito
O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?
Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse?
Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem?

Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas.

O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo.

O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...


Em um futuro não tão distante a sociedade vive sob a forte vigilância do governo, que está de olho em qualquer coisa que ameace seu regime totalitário. Não há privacidade e as pessoas andam nas ruas com medo, sabendo que a qualquer momento podem ser abordadas por soldados exigindo um documento de identidade.

É nesse contexto que conhecemos Em e Finn, dois jovens presos em uma base militar acusados de traição pelo governo. Vivendo em celas separadas, porém lado a lado, a voz um do outro é tudo o que eles têm em seus dias cheios de tédio e expectativa, à espera dos homens que constantemente aparecem para torturá-los na tentativa de obter uma importante informação.

A causa de todo esse caos é Cassandra, uma máquina do tempo controlada por governantes gananciosos que a usam para obter poder absoluto, derrubando países rivais e oprimindo seus conterrâneos.
“A última vez que eu estive ao ar livre, havia fuzileiros com metralhadoras em cada esquina das ruas movimentadas, e podiam exigir seu documento de identidade sem nenhum motivo. Estávamos em guerra contra a China e com medo de bombardeios aéreos eminentes contra a Califórnia, enquanto um grupo de terroristas detonava bombas em cidades pequenas por toda a Costa Leste. Nem mesmo nossas casas eram seguras. Com o governo monitorando telefones celulares e o uso da internet, uma palavra questionável era suficiente para o Departamento de Segurança Interna derrubar sua porta e arrastá-lo para um campo da Agência Federal de Gestão e Emergências como suspeito de terrorismo.”
Se Cassandra não existisse as coisas poderiam voltar a ser como eram e é por isso que Em e Finn escaparam de suas celas e voltaram no tempo tantas vezes para tentar impedir a criação da máquina. Agora eles terão mais uma oportunidade, mas essa pode ser a sua última chance de tentar salvar o mundo.

Voltando quatro anos no tempo, encontramos tudo exatamente como conhecemos, sem governos totalitários e soldados vigiando as ruas. Esse é o mundo onde vivem Marina, James e o "outro Finn".

Marina é uma jovem rica e insegura que nutre uma paixão secreta por James, seu vizinho e melhor amigo. Já Finn vem de uma classe social inferior. Inteligente e sarcástico, ele consegue chegar até James e torna-se seu amigo, para o desgosto de Marina que não vai com a cara do garoto.

Pouco sociável e muito inteligente, James vem de uma família de políticos bem sucedidos, mas sua vida está longe de ser perfeita. Ele ainda sofre com a morte dos pais e com certeza não está preparado para uma nova perda. Se não ao menos houvesse uma maneira de retroceder no tempo e ter sua família inteira outra vez...

James não vai desistir de sua ideia de construir uma máquina do tempo para salvar as pessoas que ama, mas Em e Finn sabem o que isso acarretaria ao mundo e farão o possível para impedi-lo. No entanto, James não está sozinho. Ele ainda tem o apoio e a proteção de Marina e do outro Finn. Cada um deles tem um objetivo, mas quem será bem sucedido?
“Eu sei que não dá para mudar o mundo sem que alguém se machuque.”
“Todos os Nossos Ontens” me conquistou desde a sua prévia, fornecida pela Novo Conceito aos seus parceiros antes mesmo do lançamento do livro. Sendo distopia um dos meus gêneros favoritos, não resisti em ler as poucas páginas do livreto e depois tive que aguentar minha curiosidade para conhecer o resto da história, que é tão boa quanto eu esperava. 

A narrativa é bem construída e consegue envolver o leitor, que facilmente se perde em meio às páginas. Não há momentos tediosos, já que os personagens estão sempre em ação em cenas eletrizantes de fuga, perseguição e descobertas que deixam o leitor em alerta.
“[...] sempre disse que tempo é complicado, que tem uma mente própria. Talvez esse seja seu jeito de nos punir por brincar com ele.”
Fiquei dividida entre torcer por Em e Finn ou por James, Marina e o outro Finn. Cassandra, a máquina do tempo, acaba sendo uma invenção que afeta negativamente o mundo, mas essa não era intenção de James ao criá-la. Ele foi inocente e fraco por deixar-se cair na lábia de pessoas maldosas, quando o motivo por trás de Cassandra era fazer o bem.
“- Eu vou desvendar o tempo e, depois, vou consertar as coisas.
- Que coisas?
- Tudo. Vou mudar o mundo.”
Eu amei a capa do livro, que é chamativa e combina com a história. A diagramação é simples e  está impecável, mais uma vez um ótimo trabalho da Novo Conceito. As folhas são amareladas e o texto tem uma boa fonte e tamanho de letra, confortáveis para leitura.

“Todos os Nossos Ontens” não é do tipo surpreendente, até porque ao longo das páginas a autora vai deixando várias pistas sobre quem são os personagens e o que eles querem, permitindo ao espectador montar um quebra-cabeça nada complicado. Ainda assim a leitura vale a pena por seus personagens bem desenvolvidos, além do desfecho emocionante que faz o leitor desejar ter outra saída para a situação na qual eles se metem.
“O tempo está vindo nos pegar, está vindo depressa.”


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