sexta-feira, 7 de agosto de 2015

[RESENHA] "FRAGMENTADOS", DE NEAL SHUSTERMAN

Nome: Fragmentados
Autor: Neal Shusterman
Série: Fragmentados (#01)
Editora: Novo Conceito
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela Novo Conceito
Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .

Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.

O vencedor do Boston GLobe-Horn Book Award Neal Shusterman desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.


O aborto sempre foi um assunto polêmico que divide opiniões e do qual ninguém nunca chegou a um consenso. No futuro essa questão torna-se mais grave quando os grupos pró-vida e pró-escolha dão início a segunda guerra civil dos Estados Unidos, conhecida como Guerra de Heartland.

É nessa mesma época que um cientista aperfeiçoa o neurotransplante, que permite que cada parte de um doador seja usada em um transplante. Diante dessa novidade o governo propõe a Lei da Vida, que dá para a questão do aborto uma solução que satisfaz ambos os lados da guerra.
“A Lei da Vida declara que a vida humana não pode ser tocada desde o momento da concepção até que a criança chegue à idade de 13 anos. No entanto, entre os 13 e 18 anos, a mãe ou o pai pode escolher “abortar” retroativamente uma criança com a condição de que a vida da criança não tenha, “tecnicamente”, um fim.”
A fragmentação é literalmente deixar uma pessoa em pedaços, mas isso não quer dizer que ela estará morta. Com a técnica do neurotransplante aperfeiçoada, a Lei da Vida exige que cada parte do fragmentado seja usada em outra pessoa, de forma que ela o fragmentado estará "tecnicamente" viva, porém fundida a outros.
“– [...] O fato é que cem por cento da sua pessoa ainda estará vivo, só que em estado dividido.”
“- Porque os fragmentários não estão mortos de verdade. Ainda estão vivos... mais ou menos. Quero dizer, eles têm que usar cada parte de nós em algum lugar, né? Essa é a lei.”
A narrativa é contada em terceira pessoa e, apesar de se concentrar em Connor, Risa e Lev, segue a perspectiva de vários personagens.

A história começa com Connor, que no auge de seus dezesseis anos descobre que seus pais assinaram a ordem para fragmentá-lo e por isso decide fugir de casa. No caminho ele conhece Risa, uma órfã de sua idade que morava em uma Casa Estatal (espécie de orfanato) e que é mandada para o Campo de Colheita (clínica de fragmentação) após os dirigentes do lugar decidirem que ela não tem serventia alguma para a sociedade; e Lev, inicialmente um dízimo de treze anos, ou seja, um garoto que nasceu e cresceu com o único propósito de ser fragmentado quando chegasse a idade permitida, como uma oferenda a Deus.
– Se não houve fragmentação, haveria menos cirurgiões e mais médicos. Se não houvesse fragmentação, eles voltariam a tentar curar as doenças em vez de só substituir órgãos ruins pelos de outras pessoas.”
Os três unem forças para tentar sobreviver até atingir os dezoito anos de idade, quando ninguém poderá mandá-los para a fragmentação, mas essa não é uma tarefa fácil e eles precisarão ser muito espertos e cuidadosos nos próximos anos de suas vidas. Essa é uma época em que qualquer adolescente problemático pode ser mandado para a fragmentação, então a fuga desses jovens é algo comum e do qual o governo é tão acostumado que criou até mesmo uma divisão policial (denominada Juvis) para lidar com esse assunto.
“Fragmentários em fuga são tão comuns hoje em dia que há equipes inteiras da polícia juvenil dedicadas a encontrá-los. As autoridades transformaram a coisa em uma arte.”
Connor, Risa e Lev vivem no limite do perigo com os juvis em seu encalço. Eles se metem em um confronto com a polícia em plena rodovia, causam acidentes, são caçados dentro de uma escola, se escondem em esconderijos subterrâneos, em caixas usadas para grandes cargas de viagem e deslocados para ‘o cemitério’, fazendo amigos e inimigos durante todo o percurso. É uma loucura apurada para os personagens e uma delícia para os leitores, que acompanham tudo avidamente.

Neal Shusterman criou uma história excelente cheia de ação, aventura, mistério e um pouco de romance. O autor soube conduzir muito bem sua narrativa, que é bem detalhada e cheia de elementos, o que tornou a leitura envolvente e viciante. Qualquer dúvida que tive ao longo do livro foi respondida e o final me deixou louca de ansiedade pela continuação.
“... as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e da luz.”
O maior foco pode ser Connor, Risa e Lev, porém o autor conseguiu dividir a atenção com os personagens secundários, dando espaço para que conhecêssemos todos. A narrativa é inteligente e leva o leitor por caminhos desconhecidos. Você acompanha a história e acha que sabe o que acontece a seguir ou a intenção de determinado personagem, mas depois se vê completamente enganado.

Eu gostei do trabalho que a Novo Conceito fez. A editora manteve o padrão da capa original, que eu achei misteriosa e coerente com a história. Não me lembro de ter encontrado erros de revisão e a diagramação está ótima. No início achei o tamanho da fonte do texto pequena, mas acabei me acostumando e isso não atrapalhou de maneira alguma a leitura.

Em nenhum momento me senti entediada com a história. “Fragmentados” foi um excelente livro do começo ao fim e por isso é uma leitura que eu totalmente recomendo para os amantes de distopia. Realmente mal posso esperar para colocar minhas mãos na sequência.


Clique aqui e baixe um trecho do livro, disponibilizado no site da NC.


2 comentários:

  1. Esse tipo de livro não faz muito meu tipo, mas lendo sua resenha fiquei com vontade de ler. Além disso vários livros que eu gosto foram publicados pela NC, então acho que é mais um motivo para dar um chance :D

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    1. A NC tem sim vários ótimos lançamentos. "Fragmentados" foi uma ótima leitura, acho que você deveria sim dar uma chance. Pode se surpreender.

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