quarta-feira, 5 de agosto de 2015

[RESENHA] "EU TE DAREI O SOL", DE JANDY NELSON

Nome: Eu Te Darei o Sol
Autora: Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito
Onde comprar: Buscapé

Livro enviado como cortesia pela Novo Conceito
Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia.

Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém.

Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.

A narrativa de “Eu Te Darei o Sol” se divide em dois tempos, contada a partir do ponto de vista dos gêmeos protagonistas – Noah, quando está com idade entre treze e quatorze anos, e Jude em seus dezesseis anos.

Noah tem um grande talento para arte e torna o mundo um lugar melhor para si através dos desenhos que faz em sua mente, expressando-se depois através das linhas e cores no papel. Aos treze anos ele não tem amigos e está descobrindo sobre sua sexualidade. Noah não sabe como se comportar diante de sua atração por meninos e teme a reação das pessoas ao seu redor se elas descobrirem sobre seu segredo.

Jude também é artisticamente talentosa, embora não tenha a mesma paixão por desenhos que seu irmão. Sendo a preferida do pai, ela é uma garota ousada e esbanja popularidade.

Como os típicos gêmeos das histórias, Noah e Jude sempre foram muito apegados e sempre protegeram um ao outro, tendo aquela estranha ligação de gêmeos que conseguem se entender sem palavras, que escolhem as mesmas posições de mãos no jokenpô, etc.
“Jude me olha do desenho, ensolarada, sábia. Obrigado, eu lhe digo em minha mente. Ela está sempre me resgatando...”
As coisas começam a mudar quando os jovens entram na adolescência e iniciam uma série de disputas entre si, sobretudo pela atenção dos pais. Inveja, ciúmes e traições destroem o bom relacionamento dos irmãos, que se afastam ainda mais depois que uma tragédia cai em suas vidas.
“- E o que esperava? Tive que fazer outros amigos. Você só fica escondido com seus desenhos bregas e sua obsessão por aquela escola idiota com a mamãe.
Desenhos
bregas?
Aqui vou eu. Três, dois, um: detono com a única coisa que tenho.
- Você tem inveja, Jude. – digo. – O tempo todo você só tem inveja.”
Cerca de dois anos depois Noah e Jude estão completamente irreconhecíveis, considerando suas personalidades. Noah está na turma de cross-country, tem um grupo de amigos barulhentos e não desenha mais, enquanto Jude cortou seus longos cabelos, trocou os vestidos e salto alto por roupas largas que mascaram seu corpo feminino e é socialmente isolada.

As sabotagens que faziam um ao outro acabaram, mas agora eles quase não se falam e vivem uma vida de mentiras. Há dois anos ambos fizeram (diferentes) coisas do qual atualmente se envergonham e guardam em segredo. Logo em seguida alguém que eles amavam muito morreu e é por isso que os irmãos consideram suas ações o motivo, o que, consequentemente, os tornam culpados.

O maior problema entre os irmãos foi a inveja, que em certos casos realmente não dá para evitar. Assim como você não escolhe quem amar, também não escolhe o momento em que a inveja vai aparecer, mas Noah e Jude ultrapassaram os limites com suas ações ciumentas. Eles mentiram, trapacearam e colocaram outras pessoas à frente um do outro e no final nada valeu a pena.
“Nunca vamos ficar bem. Nunca seremos nós novamente.
[...]
Como Noah e eu nos envolvemos tanto em segredos e mentiras?”
Mas a vida dá voltas e tem maneiras engraçadas de dar lições. Apesar dos gêmeos terem se afastado seus caminhos continuam se cruzando e entrelaçando-se com o de outros indivíduos que eles amam, levando-os em direção as pessoas ao futuro que os aguardava se a tragédia não tivesse acontecido.

Noah e Jude tornaram-se dois estranhos e sofrem sozinhos. Todos os acontecimentos de quando eram mais jovens acabou com a confiança entre irmãos e agora eles nem sequer sabem como se reaproximar um do outro. No entanto o destino faz seu papel e dá uma força para juntá-los novamente, fazendo com que a chama de amor entre os irmãos se reacenda. Como se fosse o desejo  do ente querido morto de uma força superior, vários eventos acontecem na vida dos protagonistas e lhes ensina a importância de serem verdadeiros consigo mesmos e com as pessoas que eles amam.

“Eu Te Darei o Sol” é um livro intenso e conquistador. Jandy Nelson criou uma história sobre descobertas, intrigas e perdão, e é tudo tão bom que eu não tive vontade de largar o livro enquanto não o finalizasse. Benditas sejam essas férias que me deram tempo para ler com calma e apreciar uma narrativa tão emocionante e envolvente.

Achei inteligente a forma como a autora conduziu tal narrativa, inserindo os personagens secundários aos poucos e cada um no seu tempo, contando suas histórias só para fazer com que seus caminhos se colidissem no final. Não foi surpreendente, mas fiquei ansiosa para chegar a parte onde as revelações que tinham que ser feitas vinham à tona. Eu queria ver as reações de cada um.
“Penso em como mamãe disse a Noah que era responsabilidade dele ser fiel ao seu coração. Nenhum de nós tem sido. Por que é tão difícil? Por que é tão difícil saber o que significa essa fidelidade?”
A Editora Novo Conceito fez um excelente trabalho com a diagramação. As letras possuem um bom tamanho, espaçamento e fonte que são confortáveis para leitura. Achei alguns erros de revisão, mas nada tão grotesco que tirasse o brilho da história. A capa possui uma ilustração fofa que lembra um desenho no papel e me conquistaria por completo se não fosse o amarelo predominante (entendo a escolha da cor e sei que ficaria estranho se fosse outra, mas eu pessoalmente odeio amarelo).
“Era certo e errado ao mesmo tempo. O amor faz e desfaz. Ele persegue com a mesma tenacidade: alegria e sofrimento.”

Clique aqui e baixe um trecho do livro, disponibilizado no site da NC.

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