quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

[RESENHA] "ECOS DA MORTE", DE KIMBERLY DERTING

Nome: Ecos da Morte
Autora: Kimberly Derting
Série: The Body Finder #01
Editora: Intrínseca
Onde comprar: Buscapé
Violet Ambrose tem dois problemas – o dom mórbido e secreto que carrega desde a infância e Jay Heaton, seu melhor amigo, por quem está apaixonada. Aos dezesseis anos e confusa com os novos sentimentos em relação a Jay, ela começa a ficar cada vez mais incomodada com sua estranha habilidade – Violet encontra cadáveres. Desde pequena ela percebe os ecos que os mortos deixam neste mundo. Ruídos, cores, cheiros. Mas não todos, apenas os das vítimas de assassinato. Para ela, isso nunca foi um grande talento. Na maioria das vezes, tudo o que encontrava eram pássaros mortos, deixados para trás pelo gato da família. Mas, agora que um serial killer está aterrorizando a pequena cidade onde mora e os ecos das garotas assassinadas a perseguem dia e noite, Violet se dá conta de que talvez seja a única pessoa capaz de detê-lo. Em pouco tempo ela estará no rastro do assassino. E ele, no dela.

História bem escrita, bom ritmo, romance e mistério, agora sim posso dizer que achei um livro que tem todos os elementos que eu gosto em uma história. Foi esse o pensamento que tive assim que terminei de ler "Ecos da Morte".

Violet Ambrose poderia ser uma garota perfeitamente normal com suas maiores preocupações sendo a escola, convencer os pais a lhe dar um carro novo e sua mais recente atração por Jay, o melhor amigo de infância que parece ter chamado também a atenção da maioria das garotas que eles conhecem, incluindo a garota mais popular da escola.

Bem, ela poderia ser só mais garota comum passando pelos conflitos da adolescência, se não fosse o seu sinistro dom de encontrar coisas mortas, seja um animal ou uma pessoa. No entanto esse dom não funciona com qualquer tipo de morte, mas sim com aqueles que tiveram suas vidas tiradas por outra coisa... ou outro alguém. Não é como se ela os estivesse caçando por ai, mas basta Violet estar perto o suficiente para que eles a chamem, persuadindo-a a encontrá-los com pequenos sinais, marcas... ecos da morte. E ela só consegue se ver livre uma vez que os mortos estiverem enterrados, como se isso desse a eles a paz que precisam.
“E então, outro som. Algo que ela não conseguia identificar. Ainda.
Era suficientemente familiarizada com o significado desse ruído novo e inapropriado. Ou ao menos com o que ele representava. Ouvia sons, desse modo, ouvia cores, ou sentia cheiros havia anos. Desde sempre.
Ecos, era como os chamava.”
Ela nunca entendeu qual a função de seu dom. Quando criança ela localizou o corpo de uma garota perto do bosque de sua casa, mas essa foi a única coisa realmente grande que ela fez. Exceto isso, durante toda a sua vida seu dom se resumiu a achar animais mortos no bosque e enterrá-los no quintal de sua casa... até que jovens garotas começam a ser sequestradas e assassinadas nas redondezas de sua cidade.

Quando uma menina de quem ela costumava ser babá desaparece, Violet sente o impacto da realidade gritante. Cada eco da morte é único e não acompanha somente ao morto, mas também ao assassino. Ciente de que as marcas presentes nos corpos das garotas com toda a certeza estão em volta do serial killer, Violet finalmente sabe o que fazer com o seu dom.

A protagonista Violet me agradou muito, apesar de que ao longo da narrativa ela deu alguns tropeços. Corajosa e decidida, ela faz o possível para encontrar o assassino, mas quando o assunto é Jay e as várias garotas que agora estão atrás dele, Violet mostra-se uma pessoa bem insegura e em alguns momentos até um pouco infantil. Além disso achei que por várias vezes ela agiu de forma imprudente em sua investigação, pois apesar de ser fácil para ela identificar o assassino caso esteja perto dele, essa situação não deixa de ser muito perigosa. Afinal, o que ela poderia fazer sozinha diante de uma cara que sente prazer em matar garotas adolescentes?

Jay é o melhor amigo que sempre esteve ao lado dela e parece completamente alheio ao fato de todas as garotas (incluindo Violet) estão atraídas por ele. O jeito todo protetor que ele tem com a Violet, e também a cumplicidade e intimidade (como amigos) deles - tudo isso devido a essa amizade de anos que começou de uma maneira (que eu achei um tanto) cômica - são momentos simplesmente adoráveis. O romance é um ponto que é gostoso de acompanhar, porque não é algo grudento. Eles estão com medo de estragar o relacionamento que possuem desde criança, então ficam segurando isso enquanto Violet sempre tem um mini heart attack cada vez que ele a abraça ou pega em sua mão. Um gesto que costumava ser tão comum, mas que agora causa novas sensações nela.

É claro que Jay ajuda Violet em sua investigação para descobrir quem é o assassino, o que não significa que ele concorde com essa perigosa ideia. No entanto ele não tem muita escolha, pois sabe o quão cabeça dura a amiga pode ser.
“- Olhe, eu vou fazer isso. Só lhe pedi que fosse comigo.
- Não vai, não – insistiu Jay. – Mesmo que eu precise contar para seu tio e para seus pais o que você está planejando. Eu lhe juro: você não vai fazer isso.
Ela podia sentir o ânimo do amigo se inflamar.
- Você não pode me deter. Se me dedurar, eu minto. Pisco os olhos inocentemente e prometo não sair por ai procurando esse cara. Mas lhe juro que a cada chance que eu tiver, mesmo que para isso eu precise sair escondida, vou procura-lo. [...] Estou falando sério, Jay. Você não pode me impedir.”
Kimberly Derting fez um ótimo trabalhando colocando na história a dose certa de mistério e investigação envolvendo os assassinatos e a busca pelo serial killer, ao mesmo tempo em que não se esqueceu da vida social de Violet, que ainda consegue tempo para sair com as amigas, fazer planos para o baile da escola e claro, preocupar-se com Jay estar se relacionando com outra garota.

O livro é muito bom e eu com certeza recomendo. A leitura fluiu muito bem e eu até mesmo consegui sentir a aflição das pessoas diante do apavorante clima da cidade. O dom de Violet foi uma das coisas que eu mais adorei, pois é diferente de tudo o que eu já vi por ai. Em um livro que une vários seres com poderes sobrenaturais, você dificilmente encontrará alguém que “fareja” mortos.  

A narrativa em terceira intercala entre Violet e o assassino, possibilitando ao leitor entender como o maluco age e até mesmo seus sentimentos doentios relacionados as mortes que ele causa. O desfecho foi surpreendente e animado, quando eu tinha pensado que o assassino foi descoberto a autora Kimberly veio e ‘BAM’, mudou a coisa toda.

Já tenho a sequência - “Desejo dos Mortos” - publicada em 2012 e torcendo muito para que a Editora Intrínseca traga o terceiro também. Pela demora da editora para publicar o livro três acredito que a série não fez sucesso no Brasil, o que é realmente uma pena, pois é realmente uma ótima história.
“Ela o memorizou.
Era um eco audível. E continuava forte, ainda não diminuíra com a passagem do tempo. Violet conseguiria rastreá-lo. Ela o reconheceria em qualquer lugar. Em qualquer época.
E o homem que carregava aquela marca não fazia ideia disso.
Ela de repente se sentiu como a predadora, que carregava a mais poderosa das armas. Agora se tornaria a caçadora... e ele, a caça.”

2 comentários:

  1. A resenha ficou ótima, meus parabéns!
    Bjs e sucesso com o blog!
    http://escritorawhovian.blogspot.com.br/

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